Apostas Online: Podem Reduzir PIB Brasileiro

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o Banco Santander divulgou dados do estudo aprofundado a respeito do tema.

Nos últimos cinco anos, o mercado de apostas online no Brasil apresentou um crescimento expressivo, saltando de R$ 0,56 bilhão em 2018 para R$ 8,96 bilhões em 2023. Uma taxa de crescimento anual de 74%, muito acima da média global de 19%. No entanto, a expansão vertiginosa desse setor preocupa economistas, já que pode estar impactando negativamente o PIB do país.

Um estudo recente do Banco Santander revela que, em 2024, os gastos dos brasileiros com apostas online podem gerar um impacto negativo de até 2,1% no Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O relatório, divulgado em 24 de outubro, estima que o efeito líquido da atividade (descontando os prêmios) poderá reduzir o PIB brasileiro entre 0,2% e 0,3%. Além disso, o impacto no consumo das famílias pode chegar a 0,5%, evidenciando o peso do setor no orçamento doméstico e a crescente vulnerabilidade das famílias de baixa renda.

Apostas e Endividamento: Uma Preocupação Econômica

A relação entre apostas e endividamento é uma das preocupações centrais do estudo. Entre 2018 e 2023, o impacto das apostas na renda das famílias brasileiras aumentou de 0,2% para 0,7%, com maior intensidade nas classes C, D e E, onde o impacto financeiro chega a variar entre 0,77% e 1,38%. Dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostram que, apenas no primeiro semestre de 2024, cerca de 1,3 milhão de pessoas enfrentaram dificuldades financeiras devido às apostas, comprometendo o pagamento de contas e diminuindo o consumo de bens essenciais como vestuário, calçados e alimentos.

Esse cenário sugere que o aumento das apostas não apenas compromete a renda familiar como afeta diretamente o consumo de produtos e serviços. Gerando uma retração econômica em setores importantes. No setor de alimentação, por exemplo, o aumento do endividamento pode levar consumidores a reduzir suas compras de itens de maior valor agregado. Já o setor de educação foi impactado com a desaceleração nas matrículas, especialmente no ensino a distância, onde 76% dos estudantes pertencem às classes C, D e E. Segundo a pesquisa Educa Insights, 35% dos entrevistados desistiram de ingressar no ensino superior devido a despesas com apostas.

Impactos das Apostas Online na Saúde e na Segurança Pública

O setor de saúde também é afetado pela expansão das apostas, com o aumento de casos relacionados ao vício em jogos de azar, ansiedade e depressão. A demanda por tratamento e apoio psicológico tem crescido tanto na rede pública quanto em clínicas privadas. Esse aumento de custos é um reflexo das consequências sociais da expansão desregulada das apostas.

Além disso, instituições financeiras também observam o crescimento dos níveis de endividamento. Embora o uso de cartões de crédito para apostas online esteja proibido, muitos usuários recorrem a empréstimos pessoais e ao Pix, tornando o controle do endividamento um desafio para o sistema financeiro.

Regulação do Setor: Novas Taxas e Impostos a Partir de 2025

Para enfrentar os desafios econômicos e sociais causados pelas apostas online, uma nova regulamentação entrará em vigor em janeiro de 2025. As empresas terão que pagar uma taxa de licenciamento de R$ 30 milhões, além de um imposto de 12% sobre a receita bruta de jogos. Para os jogadores, haverá uma tributação de 15% sobre ganhos superiores a R$ 2.112.

O Banco Santander estima que a contribuição fiscal do setor possa chegar a R$ 3,4 bilhões em 2024 e entre R$ 5 e R$ 10 bilhões em 2025, o que representa uma tentativa do governo de minimizar os impactos negativos das apostas online, ao mesmo tempo que arrecada recursos para áreas essenciais.

Apostas Online: Crescimento Sustentável é Possível?

Apesar dos desafios, o crescimento das apostas online no Brasil ainda representa menos de 2% do mercado global. No entanto, a previsão de expansão a uma taxa de 16,9% ao ano até 2029 indica que o Brasil pode se tornar um dos principais mercados de apostas no mundo. O desafio agora é encontrar um equilíbrio que permita o desenvolvimento do setor de forma a mitigar seus impactos negativos, preservando o consumo familiar, a saúde pública e a estabilidade econômica.

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